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Reafirmação de agenda comum ao mundo cultural permeia a primeira plenária do Fórum Brasileiro pelos Direitos Culturais em 2019

O XIII Encontro do Fórum Brasileiro pelos Direitos Culturais (FBDC), o primeiro do ano, aconteceu na tarde do dia 27 de março, no Teatro Sérgio Cardoso, em São Paulo. O evento reuniu mais de 120 pessoas em uma reunião plenária que teve como eixo principal de discussão a interlocução do coletivo com a nova gestão do governo federal.

Maria Ignez Mantovani, museóloga, diretora da Expomus, e facilitadora do FBDC, apontou a necessidade do engajamento dos integrantes do coletivo nos grupos de trabalho, instância onde são desenvolvidos os conteúdos do Fórum: “temos uma característica que é ser um Fórum intersetorial, que nos traz a oportunidade de troca, olhar para o lado e ver outras possibilidades, discutir pontos comuns, divergências. Isso tudo nos engrandece e nos fortalece”.

Ficou a cargo do ator Odilon Wagner, representante da APTI, apresentar um panorama das primeiras articulações dos facilitadores do FBDC com o secretário Henrique Pires, titular da Secretaria Especial da Cultura, pasta do recém-criado Ministério da Cidadania.

Nas pautas discutidas pelo Fórum durante a reunião, estavam a atuação da CNIC (Comissão Nacional de Incentivo à Cultura), a definição da Instrução Normativa – atualmente sob análise da Casa Civil -, bem como a defesa ao limite de R$ 10 milhões por projeto da Lei Rouanet. Ele destacou ainda o momento delicado que a cultura no país está enfrentando e a importância de que o Fórum trabalhe intensamente o fortalecimento de políticas públicas para a cultura. “Neste momento precisamos ter acolhimento e estar presentes, pois na política pública é imprescindível fazer pressão. A participação é nossa força e temos que ver a Cultura como um movimento global”, afirmou.

Representantes de entidades que integram o Fórum também fizeram relatos sobre encontros com o Secretário Especial de Cultura, Henrique Pires e outros líderes do novo governo. Gabriel Fontes Paiva, presidente da APTI, abordou a necessidade da elaboração de editais por empresas estatais voltados a projetos desenvolvidos fora das capitais. Flávia Furtado (Diretora Executiva do Festival Amazonas de Ópera), anunciou financiamento do BID para o segmento. Eneida Sollero (Conselho Brasileiro de Entidades Culturais) também relatou sobre a interlocução com o governo federal. Foram ainda apresentadas pautas relativas ao fortalecimento da Funarte e das políticas para as artes, além da necessidade de se pensar os planos de Cultura nas esferas nacional e também estadual.

Um ano de importante atuação do Fórum e fortalecimento dos Grupos de Trabalhos, os GTs
Jailson Sousa e Silva, facilitador do GT de Políticas para as Artes do FBDC e representante do Instituto Maria João Aleixo, apontou a necessidade de um olhar atento e ações no fazer cultural das periferias. Roseli Biage, gestora cultural da Ribalta produções, integrante do mesmo grupo de trabalho, completou que é preciso contemplar a política para as artes de forma mais abrangente possível, do pequeno produtor aos corpos estáveis.

“É preciso conhecer as métricas e as metas de transformação, os números que indicam que investir em cultura faz com que o país cresça.”

O encerramento do XIII Encontro do Fórum Brasileiro pelos Direitos Culturais ficou por conta de Eduardo Saron, um dos fundadores do coletivo e diretor do Itaú Cultural, que destacou a importância da troca de informações e experiências entre entidades culturais brasileiras, em um momento em que a cultura nacional enfrenta um de seus maiores desafios.

“A situação lá fora não está fácil, mas o fato de termos uma agenda comum para uma construção propositiva para a cultura me parece um bom caminho. Um dos nossos objetivos aqui foi trocar informações, porque neste momento de indefinição do governo, em que estamos muito preocupados com o futuro da cultura no Brasil, trazermos um conjunto de informações para o Fórum significa refletir e alimentar a nossa estratégia comum”, afirmou Saron. Para ele, apesar deste cenário, ainda há espaço para que as interlocuções obtenham êxito, já que uma parte da estrutura do antigo MinC se manteve. “Talvez a gente seja surpreendido com situações de que não gostemos, mas também considero que outras vão avançar. É bom lembrar que Henrique Pires é uma pessoa da Cultura, que vem do mundo da produção cultural e por isso já merece nosso voto de confiança. O momento atual poderia ser ainda mais complexo”, disse.

Saron lembrou, ainda, que um dos maiores desafios hoje no campo da cultura é que seus representantes precisam ir além dos espaços nos quais já atuamos, com dados palpáveis. “Nós falamos muito para os catequizados, para nós mesmos. Isso é o que talvez o mundo da cultura tenha que enfrentar nos próximos tempos. Além de falamos para outros públicos precisaremos apontar quais são as nossas métricas e metas de transformação, quais são os números que indicam que investir em cultura faz com que o país se desenvolva, se transforme e encontre o seu caminho? Esse é um desafio imenso e é preciso que a gente persiga isso,”, disse.

Sobre a atuação do Fórum, Eduardo Saron destacou a importância de se construir uma agenda única, que sirva de norte para as atividades do coletivo. “Precisamos ter uma agenda central e propostas que nos unifiquem. Se não estivermos juntos em torno de uma agenda comum, não teremos êxito”, concluiu.

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